terça-feira, maio 15, 2007

A frágil teia de uma vida aracnídea


Super-herói. Quem nunca foi fã de um?! Pois bem, na minha última vista a uma sala de cinema, tive uma decepção. Não com o meu personagem preferido, pois pelo que “conheço” dele, se tivesse escolha, teria se livrado daquela "franjinha" no mínimo estranha.

Mas vamos direto ao ponto (como se eu conseguisse). Assisti recentemente ao terceiro filme da franquia de um dos super-heróis mais conhecidos do mundo Marvel e mesmo dos quadrinhos: O Homem-Aranha.

Sinceramente, não entendi como um filme que tinha tudo pra dar certo (e deu, né, recorde de bilheteria no primeiro final de semana em cartaz) conseguiu ter um roteiro sem time.

Impor a crítica pela crítica não é satisfatório, mesmo por que não sou um especialista em cinema. Mas ainda sim, qualquer leigo no assunto perceberia a tentativa infeliz de permear tantos personagens importantes e de origens complexas num único filme.

Venom, Homem-Areia, O Novo Duende Verde e a origem do uniforme negro. Muita coisa para apenas duas horas e dezessete minutos. Esse erro foi primordial para originar a “batalha interna” como propõe o slogan do filme. Parecia que os personagens disputavam espaço no telão e o desenvolvimento do enredo ia ficando em segundo plano.

Cá pra nós, o meteoro com o simbionte cair exatamente no local onde estava o par romântico Peter Parker e Mary Jane, a morte clichê de Harry Osborne/Novo Duende Verde e a aparição épica do aracnídeo, num momento Capitão América, diante da bandeira dos Estados Unidos foram alguns dos fatores que, na minha leiga opinião, mostraram a fragilidade do roteiro e intenção de causar impacto, sem impor a profundidade que os personagens poderiam causar através de suas essências.

Mas o pior estava por vir e seria até cômico, se não fosse trágico. Num momento “emo” (um dos neologismos mais usados na atualidade e fazendo a referência a instabilidade emocional do herói), Peter Parker, sob a influência ridícula do uniforme negro, sai desfilando pelas ruas de Nova Yorke como se fosse Jim Carrey sob o efeito da “máscara de Locke”. Faltou apenas o rostinho esverdeado...

... Então penso eu, como é possível uma franquia que tem tudo pra dar certo, mas tudo mesmo, descambar para um roteiro tão frágil?! Parece que o excesso de maquiagem tridimensional, a superficialidade virtual e o sentimentalismo exarcebado impediram a crescente da trilogia e comprometeram até o desenvolvimento do característico humor do aracnídeo.

O roteirista Alvin Sargent parece ter errado na dose, e nem os US$ 250 milhões investidos no que foi o longa mais caro da história do cinema até então, conseguiu impedir a batalha interna entre os personagens que não conseguiram achar seu devido espaço na teia do Homem-Aranha 3, ou seria, Emo-Aranha?

quinta-feira, maio 10, 2007

Habemus papam? Para que mesmo!?


Annuntio vobis gaudium magnum;Habemus Papam, em tradução livre seria Anuncio-vos uma grande alegria; Temos um Papa. Pois é, temos um Papa. Assim é anunciada a escolha de um novo pontíficie após longas reflexões nos corredores desconhecidos e obscuros do Vaticano.

O da vez é Joseph Ratzinger, aquele cardeal alemão, bem altivo, meio boçal e com cara de neonazista que até então conhecíamos apenas pela TV. Bem, para os mais religiosos, mudem de post, preparem-se para me chamar de herege, ou simplesmente ponderem junto a mim.

Deixando de lado as minhas divagações e relutância em aceitar a existência e mesmo entender exatamente a função do Papa, vamos nos deter a visita do Santíssimo Bento XVI ao Brasil.

Sua chegada ao nosso país vai demandando um agendamento incrível na mídia brasileira, não mais soberbo do que o aparato de segurança proporcionado a ele, que foi ainda maior que o dispensado a 'Bushinho' ou 'Bush Jr'... mas continuando... não se verá nada muito diferente do que o rosto avermelhado do Papa sob o efeito do calor dos trópicos nos próximos dias.

A sua vinda ao Brasil demandou um série de novas discussões sobre o âmbito da religião e principalmente sobre a decadência do catolicismo no país e a queda do número de fiéis, no qual em 1991, 83,8% da população era de católicos e até o ano passado, esses número caiu para 68% de acordo com pesquisa realizada em parceria entre as universidades federais de São Paulo (Unifesp) e de Juiz de Fora (UFJF).

Esse êxodo religioso, não significa que as pessoas estão deixando o lado espiritual de lado, ele mostra apenas que estas estão buscando outros preceitos, partindo na maioria das vezes, para os lados do Bispo Edir Macedo, líder de um congregação evangélica no país que está ampliando seus negócios, digo, templos.

Então, para quem imaginou por um pequeno instante, que o Sumo pontífice veio ao “continente da esperança”, como Vossa Santidade mesmo nomeou a América, devido a grande quantidade de adeptos do catolicismo, apenas para uma viagem de cordialidade ou a fim de santificar frei Galvão (esse último aí quase ganhou um feriado), tenha fé.

O carinha da bata branca e do chapéu engraçado, chegou, não deu uma ‘bitoca’ sequer em nosso solo, dando as caras ao país e ao continente unicamente para de restabelecer os laços da Santa Madre Igreja com os fiéis latino-americanos.

Pesquisas da própria cúpula romana mostram que as visitas do Papa, costumam atrair novos adeptos e resgatar outros. Ah... quase esqueço, antes de sua chegada, alguns membros da Igreja propunham pelo mundo, uma reflexão interna dentro da religião. Seria uma revisão de dogmas?!

Penso eu em minha humilde ignorância religiosa. Por quê?! A Igreja e seus preceitos não deveriam estar acima de tudo e de todos, independente de ter-se 1 ou 139.000.000 fiéis ao seu dispor. Tais adeptos não deveriam se sentir à vontade para embarcar numa fé que aplacasse seus temores através dos dogmas originais e desvinculados ao desenvolvimento da globalização e da sociedade de mercado. Será que dogmas precisam evoluem mediante esses fatores? Ou suas mudanças deveriam passar necessariamente pelo imaginário humano do verdadeiro fiel?

Pois bem, sigo aqui com minhas dúvidas a respeito da religião como um todo. Não sou teólogo e nem ateu, e mesmo que fosse qualquer um dos dois, este é um questionamento simples e plausível que faço sobre a mudança de ideais que causaram e causam supostamente a morte de tantos pelo mundo até hoje.

Muitos dizem que religião não se discute, mas tento apenas refletir e buscar uma resposta para uma grande dúvida funcional que possuo sobre o assunto. Talvez minha ignorância histórica me distancie da resposta. Muitos podem estar rezando pela minha excomunhão, outros devem estar rindo de meu devaneio. Mas reflitam um pouco e digam-me com uma resposta coerente: por que habemus papam?