terça-feira, maio 13, 2008

Eu nunca escrevi uma carta de amor...

...talvez eu tenha escrito pedidos de desculpas, vários imagino. Posso ter desenhado em folhas brancas, solicitações, congratulações e pedido alguns perdões. Quem sabe, em alguns momentos, ter me arrependido de não tê-las feito, em outros, lamentado profundamente por não ter transformado tais pensamentos em palavras.

Palavras pensadas, não possuem o poder das escritas. As faladas nem de longe têm o mesmo charme. Com toques shakesperianos ou redigidas em Times New Roman, elas são mais que porta-vozes, mas caixas divinas, elas carregam consigo o destino e a felicidade de muitos...

...mas ainda sim eu nunca escrevi uma carta de amor. Talvez por medo de parecer bobo ou de me expor. Quem sabe com receio de ter meus erros de português publicados ou por parecer pedante nas expressões rebuscadas.

Nem à luz do sol ou banhado pela alva claridade da luz produzi missivas amorosas. Posso ter sido romântico numa frase por desleixo ou desenhado corações por engano, mas mensagem de amor em papel? Essas eu nunca escrevi. Posso não as ter escrito para não demonstrar mais afeto do que sentia ou mesmo para esconder todo ele. Nunca as escrevi, nem pequenas, nem grandes, nem claras, nem cifradas, com bela grafia ou em garranchos.

Estou certou de que nem a caneta nanquim, o lápis grafite ou mesmo a velha Bic azul foram capazes de me seduzir. Nem belos pares de olhos verdes ou pequenos olhos amendoados foram fortes o suficiente para me conquistar, até as mais potentes batidas do coração foram ineficazes, nada pôde ser capaz de me coagir...

Na verdade, nunca achei necessário torná-las reais. Nunca percebi a necessidade de sua existência. Tento evitá-la e sim, o mais próximo que vim a chegar delas está traduzido aqui, agora, nesta seqüência incoerente de palavras. Por que bilhetes, cartas, fax ou sinais de fumaça não declaram amor, pessoas sim...

Só as pessoas podem dizer como, quanto e o que sentem. Só os seres humanos, em suas expressões naturais, sem subterfúgios ou suporte, poderão traduzi-las, não com simples letras, mas por meio de algo que transcenda toda e qualquer barreira...

Seus melhores exemplares nunca serão escritos, eles preferem ostentar e atiçar os sentidos. O amor quer ser observado tal como uma bela paisagem a satisfazer os olhos dos amantes, necessita ser sentido tal como o leve toque de uma brisa ou aspirado para percorrer todo o corpo desejado, ele quer ser ouvido, para que suas palavras sempre ecoem no coração do destinatário que, enfim, irá saborear o delicioso gosto deste sentimento que não pode ser grafado...

Entendo que tudo que o autor de uma carta de amor deseja é que sua amada possa guardar aquele pedaço de papel e que sempre, ao ler aquelas palavras, ela possa rememorar...
Mas folhas de papel e corações em árvores se desfazem com o tempo e é por isso que eu, do fundo do meu coração, prefiro nunca escrever...

... uma carta de amor.

4 comentários:

Anônimo disse...

- aaim;
Meu Deus meu irmãão ta cada vez melhor com as palavras;
Esta amiigo delas mesmo;
Continue assim manino ♥

maria disse...

lindo lindo lindo!
leve, bonto, coerente e bem escrito, ja te disse.



(a minha versao ficou mais bonita)

:*

Mariana Rocha disse...

belo texto!

concordo com a sua forma de pensar..
acho q eh por isso que quase não escrevo nem recebo cartas de amor.. x)
ao vivo é melhor, mais real, verdadeiro! é bom dizer as coisas cara a cara... ;)

bjo, bruno :*

Anônimo disse...

vc é phooda msm!
^^