
O tempo passa, mas algumas coisas não mudam. Há séculos, a política do Pão e Circo foi implementada em Roma para abrandar os ânimos dos camponeses que, com o crescimento da escravidão, perderam seus empregos e se dirigiram para a cidade em busca de uma vida melhor. Infelizmente, para eles, essa melhoria não veio devido ao avanço desordenado da cidade romana, que já não comportava mais a imigração advinda das zonas rurais.
Esse crescimento na cidade provocou temor no imperador César, cujo receio se devia a possíveis revoltas e um provável enfraquecimento do império romano. O Panis et Circensis consistia em dar diversão e comida para o povo com o objetivo de anestesiá-los diante da situação precária em que se encontrava a vida de miséria e pobreza em Roma.
Apesar de meu pequeno devaneio, pense bem: será que isso deixou de existir ou apenas evoluiu para formas mais discretas de açoitamento e a perda por completo da sensibilidade social ?
Programas “sócio-paliativos” como Bolsa família, Programa do Leite, Vale-gás não resolvem nem de longe os problemas arraigados nas entranhas da sociedade brasileira. Esse é o pão de cada dia entregue nas mãos das pessoas para que se contentem apenas com ele e não busquem uma mudança no cardápio de suas vidas.
A dormência começa com a barriga cheia e tende a se estabelecer com o entretenimento se instalando em nossas casas, como se fosse uma verminose que vai corroendo nosso estômago e se espalhando pelo corpo até chegarmos a um estado de completa anestesia.
Esse é o Circo que vem através de diversos eventos como a Copa do Mundo, as Olimpíadas e os Jogos Pan-americanos, este último, a ser realizado no Rio de Janeiro ainda este ano. Parques esportivos de nível internacional estão sendo construídos para abrigar um evento que teve o custo inicialmente orçado em R$ 720 milhões, mas cujos gastos já romperam a barreira dos R$ 3 bilhões.
A organização do Pan e o governo federal discursam e se vangloriam sobre a realização do evento no Brasil e alardeiam sobre os benefícios, a movimentação financeira e a geração de empregos.
Questiono-me e vos questiono acerca do seguinte; por que tanto dinheiro investido num único evento esportivo, este gerando vantagens apenas indiretas à população, se toda essa receita poderia ser direcionada para a direta melhoria de vida do cidadão brasileiro através de investimentos em infra-estrutura, segurança, saúde e educação?
Será que temos tanta fome assim de esporte? Será que poder ir a um posto de saúde e ser atendido sem esperar horas na fila não é mais importante do que participar de um hola em um estádio de futebol? Não seria um preferível sair de casa com a família sem o receio de sofrer com a violência nas ruas a assistir a um jogo de beisebol, esporte que conhecemos através da “caixinha de pandora”?
O Panis et circens de César fez escola e vai sendo aprimorado. A dormência segue e a vida continua. Alguns preferem o pão, outros o circo. Mas será que não teremos nunca a oportunidade de escolher o espetáculo que assistiremos? Continuaremos sendo os gandulas da sociedade, perto de onde o jogo acontece, mas sem a liberdade para interceder?
Nesse caso, simplesmente continuaremos a ser aqueles que são atirados aos leões.
Esse crescimento na cidade provocou temor no imperador César, cujo receio se devia a possíveis revoltas e um provável enfraquecimento do império romano. O Panis et Circensis consistia em dar diversão e comida para o povo com o objetivo de anestesiá-los diante da situação precária em que se encontrava a vida de miséria e pobreza em Roma.
Apesar de meu pequeno devaneio, pense bem: será que isso deixou de existir ou apenas evoluiu para formas mais discretas de açoitamento e a perda por completo da sensibilidade social ?
Programas “sócio-paliativos” como Bolsa família, Programa do Leite, Vale-gás não resolvem nem de longe os problemas arraigados nas entranhas da sociedade brasileira. Esse é o pão de cada dia entregue nas mãos das pessoas para que se contentem apenas com ele e não busquem uma mudança no cardápio de suas vidas.
A dormência começa com a barriga cheia e tende a se estabelecer com o entretenimento se instalando em nossas casas, como se fosse uma verminose que vai corroendo nosso estômago e se espalhando pelo corpo até chegarmos a um estado de completa anestesia.
Esse é o Circo que vem através de diversos eventos como a Copa do Mundo, as Olimpíadas e os Jogos Pan-americanos, este último, a ser realizado no Rio de Janeiro ainda este ano. Parques esportivos de nível internacional estão sendo construídos para abrigar um evento que teve o custo inicialmente orçado em R$ 720 milhões, mas cujos gastos já romperam a barreira dos R$ 3 bilhões.
A organização do Pan e o governo federal discursam e se vangloriam sobre a realização do evento no Brasil e alardeiam sobre os benefícios, a movimentação financeira e a geração de empregos.
Questiono-me e vos questiono acerca do seguinte; por que tanto dinheiro investido num único evento esportivo, este gerando vantagens apenas indiretas à população, se toda essa receita poderia ser direcionada para a direta melhoria de vida do cidadão brasileiro através de investimentos em infra-estrutura, segurança, saúde e educação?
Será que temos tanta fome assim de esporte? Será que poder ir a um posto de saúde e ser atendido sem esperar horas na fila não é mais importante do que participar de um hola em um estádio de futebol? Não seria um preferível sair de casa com a família sem o receio de sofrer com a violência nas ruas a assistir a um jogo de beisebol, esporte que conhecemos através da “caixinha de pandora”?
O Panis et circens de César fez escola e vai sendo aprimorado. A dormência segue e a vida continua. Alguns preferem o pão, outros o circo. Mas será que não teremos nunca a oportunidade de escolher o espetáculo que assistiremos? Continuaremos sendo os gandulas da sociedade, perto de onde o jogo acontece, mas sem a liberdade para interceder?
Nesse caso, simplesmente continuaremos a ser aqueles que são atirados aos leões.
9 comentários:
realmente, essa política é muito antiga e já foi utilizada no Brasil diversas vezes.
eu acho que deve ter incentivo na escola, o governo teve tentar minimizar a violencia, mas tudo isso tem que ser aliado a programas "sócio-paliativos” como os que você falou porque se não tiver programas como esses as pessoas vão ter escola, saúde, paz, mas vão morrer de fome.
o.O
Gostei do texto...
um discurso socialista buscando fundamentos e fazendo alusão e comparação de uma situação histórica com uma contemporanea
Concordo que ainda existe a politica do pão e circo, porém acho que esses programas sociais tem que existir, como uma necessidade que não pode esperar.Mas só isso não adianta, o problema tem que ser resolvido por completo. È como dizem: "Não adianta só dá o peixe, tem que ensinar a pescar".
o.O
pois eh.. texto muito bom brunim.. bem argumentado e taws... eh o que rola neh.. fazer o que?! eh ki tem no mundo! concordo com marcela ai no " não adianta só dá o peixe, tem que ensinar a pescar" , mas o pior, como vimos há dias atrás,. quando um grupo ai no interior do estado estava fraudando seus cadastros para receberem mais dindo do seguro -desemprego dado aos pescadores no periodo de defeso de lagostas e no caso de diversas familias por este brasil afora que afirmam categoricamente que tem cada vez mais filhos porq eles são " fonte de renda" nestes programas sociais ai, eu digo... será que nosso povo quer realmente aprender a pescar?! realmente... eu axo que eles querem eh receber o peixinho na mão mesmo, e de preferencia jah frito e com limão, sal e azeite! é brasil.. hora de mudar neh naum?! xeru boe! ; )
O texto foi muito bem elaborado, não deixou a desejar, realmente vivemos numa política similar a de roma, mas isso se deve as condições precárias que o país vive. Não cabe aqui culpar ninguem, a realidade só irá mudar quando os culpados se conscientizarem e tomarem as devidas providências.
Não sei se interpretei mal suas palavras, mas acho que o esporte também é muito importante, principalmente porque esporte é saúde. Agora claro que ser atendido de imediato num posto de saúde, é bem mais importante do que a hola num estádio... hehehe
Mas no geral, vc se superou hein!
kkkkkkkkkkk
beijooo
Rapaz, adorei mesmo foi a criatividade, a sacada, a idéia de montar "Pan e Circo". Bem elaborado e argumentado, vou falar ainda sobre o PAN!
A galera já analisou bem o texto... e agente acabou de conversar pelo MSN sobre isso. Acho que vou apenas falar sobre a pergunta "Mas será que não teremos nunca a oportunidade de escolher o espetáculo que assistiremos?"
Eu acho o seguinte; poderemos até um dia "chegar a escolher nosso espetáculo", mas será mesmo que seria uma opinião nossa ou algo que nos foi forçado , imperceptivelmente, a acreditarmos como nossa opinião?
Djabo foi que eu escreví homi? Afff... vou desistir de comentar em blogs, eu num sei nem o que falo.
gostei do texto, da sua argumentação e, principalmente, da relação que você fez da nossa realidade com o pão e circo de roma...
mas acho que esse programas que você citou podem até não resolver 100% o problema, porém "ruim com eles, pior sem eles", né?! :)
beijão!
ótimo texto!!!
Nosso país é mesmo cheio de paradoxos e eufemismos...assim como Roma.
Muito boa a relação que vc fez.
bjoks
Postar um comentário