domingo, dezembro 30, 2007

Um novo ano!


Um ano. Tem quase esse tempo que não escrevo para este blog. Mas o que é o 'ano' além de um marcador temporal como as horas, os minutos e os segundos. Ele enquanto excerto de tempo, nada mais é do que um espaço vazio a ser preenchido. A questão que realmente importa é; como preenchemos este espaço!

Muitos queimam os miolos pensando o que farão no ano que virá. Outros simplesmente não fazem planos e preferem que as coisas sigam seu ‘fluxo natural’.

Mas sem dúvida alguma, muitos analisam o quão bom ou ruim foi o ano que passou. Alguns imaginam ter permeado sua ‘mochila anual’ de coisas boas, outros nem tanto, mas independente do teor dessas escolhas e posturas durante os 365 dias passados, elas vão sim, indubitavelmente refletir em nosso futuro. As conseqüências da bagagem que adquirimos e acumulamos a cada ano molda e modifica constantemente a nossa personalidade, nossa vida e a de muitos que nos rodeiam.

Mas e você, já parou para pensar? Pode se orgulhar do que fez durante todo este ano? Suas escolhas, ao menos, em sua maioria foram acertadas? E se não foram, o erro vai se repetir? O quão disposto você está para fazer de 2008 um ano melhor para si e para aqueles que estão próximos?

Sinceramente?! Estas são perguntas que sempre ficam sem respostas imediatas e somente um novo ano pode garantir as suas resoluções, mas por outro lado, trazem novos questionamentos e assim nossas vidas têm o ritmo ditado e temos o impulso necessário para trilhar o caminho em busca de mais conhecimento sobre nós, os outros e o mundo.

Independente de tudo isso, espero, que esse ano vindouro possa nos trazer muito mais alegrias que tristeza, muito mais acertos do que erros, muito mais felicidade e menos angústia, mais paz e consciência.

E que 2007 tenha sido mais uma página importante de nossas vidas, não para ser esquecida, mas para ser lembrada e relida a fim de que consigamos, sempre, nos tornarmos pessoas melhores para que ao final da nossa jornada, quando precisarmos proferir nossas últimas palavras tenhamos orgulho de dizê-las.

Um feliz ano novo para todos!

terça-feira, julho 24, 2007

Lampejos de Consciência

Bola fora!

Dá para entender a imprensa?! Vi uma manchete recentemente que dizia o seguinte: “Bernardinho corta Ricardinho, o melhor levantador do mundo, e convoca o próprio filho”.

Caramba, no mínimo maldosa a manchete. A parcialidade da imprensa no momento da publicação de uma matéria com esse teor é enorme nas maioria daquelas que li no dia em que o corte foi anunciado.

Todas elas continham apenas o ponto de vista do atleta “traído”, cortado, e não mostravam a situação do técnico, nem buscavam o equilíbrio nas declarações de ambos. Não quero julgar o mérito da questão do ponto de vista esportivo, mas sim jornalístico. Menos juízo de valor, e mais jornalismo, pode ser?!

Ah... só para situar os mais desavisados, o levantador Ricardinho, eleito o melhor do mundo na última liga mundial, iria participar do Pan-americano do Rio quando recebeu a notícia non-grata Mas fazer o quê? Que os Jogos prossigam!

A TAM, o Pan e Calheiros

Bem, assumo que não tenho acompanhado os telejornais religiosamente nas últimas semanas, mas além dos atrasos nos vôos, o kaboom da TAM e o Brasil no Pan, alguém viu Renan Calheiros por aí?!

A cortina de fumaça criada pela queda do vôo 3054 parece ter atingido Brasília. É que parece que uma das vacas que Calheiros comprou estava meio inflacionada e o “sócio” dele teve que pagar o “leite” dos meninos por Renan ter ficado “financeiramente debilitado”, e depois disso... pam, pam, pam, pam...

E o nadador Thiago Pereira, hein?! Esse sim bebeu de um laticínio “abençoado” e conseguiu terminar sua participação no Pan com a marca histórica de oito medalhas, sendo seis ouros, uma prata e um bronze. É mole?!

Viva a Santa! Que Santa?!

É né, parece que o caos aéreo está afetando as instâncias superiores. Um fotógrafo bem conhecido pelas bandas de Natal que o diga. A “santa” Maria de Fátima parece ter desistido dos vôos convencionais e vai tentar algo mais radical; passeio de asa delta.

Pelo menos foi o que ela demonstrou na sua última visita ao RN. O fato aconteceu no aeroporto Augusto Severo, em Parnamirim. Um grupo de beatas gordinhas e adoradores de Fátima aguardavam a chegada da imagem de santa.

Então, no desembarque, um pacote enorme veio em direção dos ansiosos devotos e logo ouviu-se o grito: - Viva a Santa. Em seguida veio o coro: - Viva. E os cânticos em nome da “imagem” começaram.

Mas como sempre existe um estraga-prazer por aí, um comentário foi feito: - Que santa grande! Daí parece que atentaram para este “pequeno” detalhe, o tamanho do pacote, e resolveram ao menos abri-lo: uma asa delta.

A Santa, que não é boba nem nada, queria era garantir sua volta e, por isso, mandou logo a condução na frente. Ah... a imagem de verdade, apareceu minutos depois, para delírio dos devotos.

Nem os céus resistem a esse caos da aviação brasileira. Até Lula parece ter deixado de viajar de avião.

domingo, julho 15, 2007

Uma reflexão digital...


Nesses dias tenho refletido muito a respeito de uma série de coisas. Na verdade, comecei este texto sem saber o propósito real dele. Parece no mínimo um desabafo ensandecido de alguém que parece estar conversando com uma máquina.

No entanto, percebo que a cada linha que escrevo, vejo um pouco de mim, um pouco do que me moldou durante todos esses anos e mais do que isso, percebo quem sou neste momento, de uma maneira tão clara, como poucas vezes foi possível para eu compreender. Mas a maior dificuldade, ainda sim, é perceber quem serei eu. Mesmo me encontrando num estágio de autoconhecimento relativamente avançado, se comparado a estágios anteriores pelos quais passei.

Acredito eu, que esse problema não me é exclusivo. Essa incerteza de quem realmente seremos torna as coisas ao mesmo tempo, emocionantes, instigantes e principalmente assustadoras. Mesmo que tentemos planejar nossas vidas, estabelecer metas a cumprir, quem poderá garantir que essas, já no dia seguinte, terão o mesmo valor do dia anterior? Será que elas não serão descartadas em detrimento de algo novo? Será que devemos permanecer presos ao mundo conhecido e com a sensação de falsa segurança?

A cada letra escrita aqui, noto que as idéias vão clareando em minha mente e aquela história de que o principal deve vir primeiro, fica fora de questão. Existem diversos pontos de vista para destacar a relevância de algo e com certeza, muitos poderiam analisar tal texto e deixar a sua seqüência lógica de lado, e assim, poderiam reorganizar as mensagens aqui contidas pela sua ordem de importância que lhes fosse peculiar.

Mas prosseguindo, determinadas coisas surgem em nossas vidas, não para melhorar ou piorá-la, mas para que possam ser degustadas como um sabor desconhecido ao paladar e que poderá agradar ou não. E independente disso, terá tido sua função completada, mostrar algo mais, algo que está distante dos olhos, que só poderá ser compreendido através do contato direto, ao se observar de perto.

A esquiva e o receio relacionados ao novo são algo inerentes ao ser-humano, que prefere o conforto do previsível, do ordinário, do medíocre. Aqueles que me conhecem um pouco mais, percebem a fixação que tenho pelo novo e de como ele pode influenciar na relação com o antigo, o conhecido, o familiar.

Mas você deverá estar se perguntando agora; - Qual o propósito deste texto? Plantar mais dúvidas? – De certo ele terá esse efeito, querendo eu ou não, posto que este questionamento eu me faço todos os dias e não poderia passar uma mensagem diferente daquela que me é intrínseca.

Por fim, quero apenas concluir mostrando que a vida é incerta (apontamento mais que óbvio). Mas por outro lado, essa característica que para muitos pode ser negativa, tem seu lado satisfatório, pois nos remete a uma infinidade de possibilidades que fazem com que a caminhada terrena seja algo interessante de ser vivida. O passado deve se fazer presente para nos fazer corrigir os erros, mas não significa que não podemos nos arriscar no desconhecido, saltar sem destino completamente definido às vezes, pois é bem possível que em uma dessas tentativas, em um desses lampejos de fé, alcancemos por alguns instantes, o acerto pleno.

segunda-feira, julho 02, 2007

Eternamente...


... a vida é extremamente surpreendente...
Conhecemos muitas pessoas em toda nossa vida...
Todas sempre com algo a acrescentar...
Algumas, mais que outras...

Mas na verdade, existe um grupo seleto...
Que passa a fazer parte de nossa vida...
Contribuindo de maneiras antes desconhecidas...
Pessoas nunca são iguais, e mesmo essas que...


Fazem parte desse grupo 'especial'...
Não o integram pelas semelhanças diretas...
Mas pelo que podem trazer de novo...

Algumas trazem a amizade...
Outras trazem a compaixão...
Algumas atenção...
Outras carinho...

Mas aquelas que conseguem trazer tudo isso...
São as que transformam nossas vidas...
Mas a mudam de uma maneira que é difícil definir...
Elas simplesmente alteram tudo ao nosso redor...
Dão sentido e cor as coisas...

Fazem um minuto de nossas vidas passarem...
Mais rápido e mais devagar...
Numa batida incompreensível, mas que ainda sim...
Fazem com que cada instante venha a valer a pena...

Pode parecer estranho e complicado...
Mas definitivamente, essas são as pessoas que quero...
Sem nenhuma exceção, todas ao meu lado...
Algumas ficaram um tempo, mas não para sempre...
Outras, passaram rápido, mas deixaram marcas...

Mas algumas delas, ficaram guardadas, eternamente...
Para enfim ter a certeza de que tudo valeu a pena...
E que o sentido da vida não é a felicidade...
Mas a busca incansável e incessante por ela...

E independente das barreiras lutarei...
Enquanto possuir forças e vida para tal...
Pois só e somente assim, terei vivido e sobreviverei...
... para sempre!!

quinta-feira, junho 28, 2007

O tique-taque e as moedas da vida moderna


A vida moderna. Quando você ouve esse termo em que você pensa? Avanço tecnológico, facilidade e praticidade nas comunicações e nas trocas de informação. Num gasto menor de tempo para efetuar inúmeras tarefas que ocupariam a maior parte do dia?

Pois bem, isto tudo é verdade. Mas até onde essa modernidade trouxe benefícios para a sociedade e para os indivíduos?

Dentro do avanço tecnológico, temos o exemplo dos microcomputadores e seus derivados, que vem facilitando a rotina de grande parte da população que precisa ou que tenha acesso a esta ferramenta. Ligada diretamente a esta tecnologia, temos a internet, que mudou completamente as relações sociais e instituiu de maneira quase que irrevogável a globalização ou integração mundial.

Mas acredito que duas coisas, mais especificamente, mudaram na sua essência o mundo como conhecemos para alcançássemos a tal modernidade; a instituição do sistema capitalista e a invenção do relógio. Poderia eu, ter me referido ao tempo ao invés deste último, mas correria o risco de divagar em discussões filosóficas.

De qualquer maneira, estes dois elementos (o relógio e o dinheiro), unidos, transformaram tudo ao nosso redor. Toda produção industrial é baseada no tempo (leia-se relógio). E quanto mais se produz, em menor tempo, maior a possibilidade de lucro. Parece uma equação fácil, mas ao invés da tecnologia que engrandece a produção, diminuir a carga de trabalho, ocorre o inverso e o que era pra ser tempo livre, se tornar espaço para novas tarefas.

Por exemplo, há 24 anos (já existia relógio, claro!!), o brasileiro trabalhava apenas 42 horas por semana e hoje esse número atinge cerca de 51 horas de jornada de trabalho semanais. Atualmente 82% dos brasileiros nos centros urbanos admitem que o nível de ansiedade subiu nos últimos anos e com ele os índices de estresse e de cansaço físico e mental.

Pare e pense; quantas vezes no dia de hoje, você pensou no dinheiro que não tem para comprar algo que, na verdade, nem tem certeza se precisa, ou, em quantas oportunidades observaste as horas com receio de chegar atrasado ao trabalho?

Alguns vão contestar com certeza tais observações e afirmarão que para existir uma sociedade organizada é necessário que hajam limites como esses. Mas tais limites devem extrapolar as necessidades da sociedade e cercearem¹ a própria capacidade do ser humano de viver?!

Quantos momentos importantes ou mesmo felizes de sua vida foram deixados de lado ou tiveram que ser interrompidos, por exemplo, pela necessidade de se dirigir ao seu emprego e trabalhar para ganhar seu salário, que por vezes, nem correspondem a sua responsabilidade e mesmo o risco? Ou simplesmente, em efeitos posteriores, trabalhamos muito, ficamos exaustos e deixamos de usufruir desses momentos de “liberdade”?

Será mesmo necessário se submeter à escravidão do tempo e do capital para conseguir sobreviver? Pode parecer um raciocínio radical, no entanto, quantas pessoas vivem ou viveram alheias a tais regras? Os povos primitivos (primitivos até onde?) viviam distantes de tais limitações. Não havia o sentido de propriedade privada, o dinheiro e os relógios de parede.

Não quero com isso dizer, que o ilustre leitor deveria largar o seu emprego, suas ocupações, quebra seu relógio e passar a morar nas montanhas como um eremita², distante de tudo e todos. Quero apenas alertar que, numa sociedade a qual "tudo que é sólido se desmancha no ar", as coisas que realmente merecem atenção estão ficando em planos inferiores e menos relevantes com o passar do tempo; a família, os amigos, a diversão e a capacidade dos seres humanos de sentir e discernir o que é real em suas vidas.

Saia com seus pais, passeie com seu irmão mais novo, converse com seus amigos, jogue futebol, beije sua namorada com fervor, leia um livro que lhe dê prazer, sorria. Viva a vida como ela merece ser vivida, pois tenho certeza, que além de se tornar uma pessoa melhor, vai perceber o quanto as coisas simples podem deter o processo de "mecanização" pelo qual a sociedade e as relações humanas estão se inserindo, para então o tique-taque e o tilintar das moedas ficarem cada vez inaudíveis diante do som de uma boa gargalhada.

1- Cercear - [Do latim. tard. circinare.] - Corresponde ao ato de restringir, limitar ou diminuir.

2- Eremita - [Do grego. eremítes, pelo lat. tard. eremita.] - Pessoa que vive no ermo -lugar sem habitantes, deserto- por penitência.

quarta-feira, junho 20, 2007

Internet? Para quem?


A existência de 676 milhões de usuários de internet no mundo, cerca de 11,8% da população do planeta, mostra o quanto a evolução da tecnologia e o advento da internet se inseriram de maneira indissociável do cotidiano de grande parte do mundo. A princípio, a internet que tinha fins militares –usada pelos “estadunidenses” a fim de espionar os russos no período da Guerra Fria- passou a ter outras conotações e inserções no cotidiano, quando esta pôde ser trazida de forma prática para a vida das pessoas.

Atualmente, a internet disponibiliza os mais diversos tipos de serviços que partem desde um simples bate-papo entre amigos, uma transmissão rápida e concisa de informações de ponto a outro do globo, até a possibilidade de transações financeiras de valores extremos em segundos.

A facilidade da inserção da web na vida das pessoas ocorre ao mesmo tempo de forma veloz e sutil, tornando uma possível resistência a tal fenômeno quase impossível. Esse fato se dá pela forma como a cultura do imediatismo está presente em nossas vidas, mas este é um assunto a ser abordado posteriormente.

Questionar-lhe-ei, em algum momento você parou para pensar quanto tempo passa na internet? Com que propósito a utiliza? Deixou de realizar uma atividade que a princípio era comum em sua vida somente para poder passar algumas “horinhas” diante do computador?

Pois bem, dependendo de suas respostas, reflita um pouco. O advento da internet é realmente notável e sem dúvida útil a diversas funções. Não seria idiota a ponto de discordar de uma das invenções que revolucionaram o mundo como o conhecemos.

A internet, como qualquer outra invenção, tem seus pontos negativos, e estes são engenhosamente encobertos pelo sistema capitalista e imediatista que faz com que as pessoas acreditem que um bate-papo, um e-mail ou mesmo um perfil no Orkut, possa reduzir as distâncias entre elas e deixá-las mais próximas umas das outras.

Há cerca de duas décadas, não éramos ludibriados com páginas falsas na internet que abusam da ingenuidade de grande parte dos usuários que estão descobrindo as maravilhas da “rede” para fazer saques gordos. A pornografia explícita ainda podia ser controlada pelo horário. E as pessoas saíam nos fins de tarde para se encontrarem e bater um bom papo. Mas e então? Esta internet que temos realmente vale a pena, ou a aqueles dois quilômetros de pedaladas e aquele velho pombo correio com uma mensagem manuscrita não eram tão ruins assim?!

Reafirmando, não tenho interesse de digladiar com a internet feito combatente de César, inclusive, felicito os militares do “Tio Sam” pela poderosa invenção, contudo, peço-lhe encarecidamente caro leitor; desligue o PC e vá andar de bicicleta ou ler um livro.

terça-feira, maio 15, 2007

A frágil teia de uma vida aracnídea


Super-herói. Quem nunca foi fã de um?! Pois bem, na minha última vista a uma sala de cinema, tive uma decepção. Não com o meu personagem preferido, pois pelo que “conheço” dele, se tivesse escolha, teria se livrado daquela "franjinha" no mínimo estranha.

Mas vamos direto ao ponto (como se eu conseguisse). Assisti recentemente ao terceiro filme da franquia de um dos super-heróis mais conhecidos do mundo Marvel e mesmo dos quadrinhos: O Homem-Aranha.

Sinceramente, não entendi como um filme que tinha tudo pra dar certo (e deu, né, recorde de bilheteria no primeiro final de semana em cartaz) conseguiu ter um roteiro sem time.

Impor a crítica pela crítica não é satisfatório, mesmo por que não sou um especialista em cinema. Mas ainda sim, qualquer leigo no assunto perceberia a tentativa infeliz de permear tantos personagens importantes e de origens complexas num único filme.

Venom, Homem-Areia, O Novo Duende Verde e a origem do uniforme negro. Muita coisa para apenas duas horas e dezessete minutos. Esse erro foi primordial para originar a “batalha interna” como propõe o slogan do filme. Parecia que os personagens disputavam espaço no telão e o desenvolvimento do enredo ia ficando em segundo plano.

Cá pra nós, o meteoro com o simbionte cair exatamente no local onde estava o par romântico Peter Parker e Mary Jane, a morte clichê de Harry Osborne/Novo Duende Verde e a aparição épica do aracnídeo, num momento Capitão América, diante da bandeira dos Estados Unidos foram alguns dos fatores que, na minha leiga opinião, mostraram a fragilidade do roteiro e intenção de causar impacto, sem impor a profundidade que os personagens poderiam causar através de suas essências.

Mas o pior estava por vir e seria até cômico, se não fosse trágico. Num momento “emo” (um dos neologismos mais usados na atualidade e fazendo a referência a instabilidade emocional do herói), Peter Parker, sob a influência ridícula do uniforme negro, sai desfilando pelas ruas de Nova Yorke como se fosse Jim Carrey sob o efeito da “máscara de Locke”. Faltou apenas o rostinho esverdeado...

... Então penso eu, como é possível uma franquia que tem tudo pra dar certo, mas tudo mesmo, descambar para um roteiro tão frágil?! Parece que o excesso de maquiagem tridimensional, a superficialidade virtual e o sentimentalismo exarcebado impediram a crescente da trilogia e comprometeram até o desenvolvimento do característico humor do aracnídeo.

O roteirista Alvin Sargent parece ter errado na dose, e nem os US$ 250 milhões investidos no que foi o longa mais caro da história do cinema até então, conseguiu impedir a batalha interna entre os personagens que não conseguiram achar seu devido espaço na teia do Homem-Aranha 3, ou seria, Emo-Aranha?

quinta-feira, maio 10, 2007

Habemus papam? Para que mesmo!?


Annuntio vobis gaudium magnum;Habemus Papam, em tradução livre seria Anuncio-vos uma grande alegria; Temos um Papa. Pois é, temos um Papa. Assim é anunciada a escolha de um novo pontíficie após longas reflexões nos corredores desconhecidos e obscuros do Vaticano.

O da vez é Joseph Ratzinger, aquele cardeal alemão, bem altivo, meio boçal e com cara de neonazista que até então conhecíamos apenas pela TV. Bem, para os mais religiosos, mudem de post, preparem-se para me chamar de herege, ou simplesmente ponderem junto a mim.

Deixando de lado as minhas divagações e relutância em aceitar a existência e mesmo entender exatamente a função do Papa, vamos nos deter a visita do Santíssimo Bento XVI ao Brasil.

Sua chegada ao nosso país vai demandando um agendamento incrível na mídia brasileira, não mais soberbo do que o aparato de segurança proporcionado a ele, que foi ainda maior que o dispensado a 'Bushinho' ou 'Bush Jr'... mas continuando... não se verá nada muito diferente do que o rosto avermelhado do Papa sob o efeito do calor dos trópicos nos próximos dias.

A sua vinda ao Brasil demandou um série de novas discussões sobre o âmbito da religião e principalmente sobre a decadência do catolicismo no país e a queda do número de fiéis, no qual em 1991, 83,8% da população era de católicos e até o ano passado, esses número caiu para 68% de acordo com pesquisa realizada em parceria entre as universidades federais de São Paulo (Unifesp) e de Juiz de Fora (UFJF).

Esse êxodo religioso, não significa que as pessoas estão deixando o lado espiritual de lado, ele mostra apenas que estas estão buscando outros preceitos, partindo na maioria das vezes, para os lados do Bispo Edir Macedo, líder de um congregação evangélica no país que está ampliando seus negócios, digo, templos.

Então, para quem imaginou por um pequeno instante, que o Sumo pontífice veio ao “continente da esperança”, como Vossa Santidade mesmo nomeou a América, devido a grande quantidade de adeptos do catolicismo, apenas para uma viagem de cordialidade ou a fim de santificar frei Galvão (esse último aí quase ganhou um feriado), tenha fé.

O carinha da bata branca e do chapéu engraçado, chegou, não deu uma ‘bitoca’ sequer em nosso solo, dando as caras ao país e ao continente unicamente para de restabelecer os laços da Santa Madre Igreja com os fiéis latino-americanos.

Pesquisas da própria cúpula romana mostram que as visitas do Papa, costumam atrair novos adeptos e resgatar outros. Ah... quase esqueço, antes de sua chegada, alguns membros da Igreja propunham pelo mundo, uma reflexão interna dentro da religião. Seria uma revisão de dogmas?!

Penso eu em minha humilde ignorância religiosa. Por quê?! A Igreja e seus preceitos não deveriam estar acima de tudo e de todos, independente de ter-se 1 ou 139.000.000 fiéis ao seu dispor. Tais adeptos não deveriam se sentir à vontade para embarcar numa fé que aplacasse seus temores através dos dogmas originais e desvinculados ao desenvolvimento da globalização e da sociedade de mercado. Será que dogmas precisam evoluem mediante esses fatores? Ou suas mudanças deveriam passar necessariamente pelo imaginário humano do verdadeiro fiel?

Pois bem, sigo aqui com minhas dúvidas a respeito da religião como um todo. Não sou teólogo e nem ateu, e mesmo que fosse qualquer um dos dois, este é um questionamento simples e plausível que faço sobre a mudança de ideais que causaram e causam supostamente a morte de tantos pelo mundo até hoje.

Muitos dizem que religião não se discute, mas tento apenas refletir e buscar uma resposta para uma grande dúvida funcional que possuo sobre o assunto. Talvez minha ignorância histórica me distancie da resposta. Muitos podem estar rezando pela minha excomunhão, outros devem estar rindo de meu devaneio. Mas reflitam um pouco e digam-me com uma resposta coerente: por que habemus papam?

quinta-feira, março 22, 2007

Política: uma armadilha ao jornalismo

A prática do jornalismo, antes de tudo, precisa ser pautada na verdade e numa representação mais próxima possível da realidade. Contudo, na atualidade, em uma sociedade de mercado e de bens de consumo, a informação se tornou mercadoria de troca, na qual as agências de notícias, redes de televisão, jornais impressos, revistas e outras mídias, vendem seus espaços para divulgação e impregnação de ideologias de outros.

A atividade política que anteriormente mantinha uma determinada distância das redações (nem tanto), passou a rondá-las com o intuito de contaminar a produção da notícia e agregar a ela idéias e ideais. Quando cito o vocábulo “produção”, como no parágrafo anterior, este deve ser levado ao seu significado literal, ao qual remete a própria criação, no sentido de transformar em notícia algo que de alguma maneira, possa favorecer este ou aquele grupo político detentor do poder e neste conceito a própria informação.

Cada vez mais, este poder político está presente nas empresas midiáticas, definindo o que é viável a ser publicado, pois quando certos grupos não são donos do veículo, utiliza de sua influência para direcionar a divulgação de uma informação, ou pelo contrário, utilizar esta para atacar grupos de ideologias contrárias.

O jornalista tem por obrigação aprender a conviver com esta dura pena que lhe é passada e tentar ao máximo possível manter ético e preservar o bem mais precioso que o jornalismo possui: a informação.

Os obstáculos à informação existem há tempos, contudo esses novos entraves à prática jornalística, a submissão política e ao capital, estão transformando-a em uma atividade paralela à política que faz com que a liberdade de imprensa afunde no mesmo barco em que a política, graças a sua falta de credibilidade e transparência.

No Longa-metragem, Todos os Homens do Presidente (1976), homônimo ao livro escrito pelos jornalistas Bob Woodward e Carl Bernstein do jornal americano Washington Post, é mostrada a dura batalha entre um periódico “estadunidense” e esse inimigo por vezes invisível, mas que se revela mais forte do que se imagina e tenta cercear a liberdade de imprensa, usando a própria imprensa para atacar, além de deixar poucos indícios que fazem com que os jornalistas tenham que se desdobrar para ter êxito em uma das investigações jornalísticas que se tornou um dos marcos da história da comunicação; o caso Watergate.

No filme, já os créditos de abertura que aparecem com um som violento das letras sendo escritas numa máquina de escrever mesclando-se ao som de tiros disparados por um revólver, exibem de maneira sútil que as palavras serviam, e ainda servem como armas poderosas.

Passamos a viver em um mundo paralelo, numa batalha voraz e sem precedentes da imprensa contra a imprensa, confronto esse incitado por forças políticas distintas que tentam ao seu bel prazer, manipular a informação, transformado as mídias em fantoches e indiferentes a destruição de uma atividade tão preciosa para a sociedade: o jornalismo.

sábado, fevereiro 24, 2007

Pan e Circo no Brasil


O tempo passa, mas algumas coisas não mudam. Há séculos, a política do Pão e Circo foi implementada em Roma para abrandar os ânimos dos camponeses que, com o crescimento da escravidão, perderam seus empregos e se dirigiram para a cidade em busca de uma vida melhor. Infelizmente, para eles, essa melhoria não veio devido ao avanço desordenado da cidade romana, que já não comportava mais a imigração advinda das zonas rurais.

Esse crescimento na cidade provocou temor no imperador César, cujo receio se devia a possíveis revoltas e um provável enfraquecimento do império romano. O Panis et Circensis consistia em dar diversão e comida para o povo com o objetivo de anestesiá-los diante da situação precária em que se encontrava a vida de miséria e pobreza em Roma.

Apesar de meu pequeno devaneio, pense bem: será que isso deixou de existir ou apenas evoluiu para formas mais discretas de açoitamento e a perda por completo da sensibilidade social ?

Programas “sócio-paliativos” como Bolsa família, Programa do Leite, Vale-gás não resolvem nem de longe os problemas arraigados nas entranhas da sociedade brasileira. Esse é o pão de cada dia entregue nas mãos das pessoas para que se contentem apenas com ele e não busquem uma mudança no cardápio de suas vidas.

A dormência começa com a barriga cheia e tende a se estabelecer com o entretenimento se instalando em nossas casas, como se fosse uma verminose que vai corroendo nosso estômago e se espalhando pelo corpo até chegarmos a um estado de completa anestesia.

Esse é o Circo que vem através de diversos eventos como a Copa do Mundo, as Olimpíadas e os Jogos Pan-americanos, este último, a ser realizado no Rio de Janeiro ainda este ano. Parques esportivos de nível internacional estão sendo construídos para abrigar um evento que teve o custo inicialmente orçado em R$ 720 milhões, mas cujos gastos já romperam a barreira dos R$ 3 bilhões.

A organização do Pan e o governo federal discursam e se vangloriam sobre a realização do evento no Brasil e alardeiam sobre os benefícios, a movimentação financeira e a geração de empregos.

Questiono-me e vos questiono acerca do seguinte; por que tanto dinheiro investido num único evento esportivo, este gerando vantagens apenas indiretas à população, se toda essa receita poderia ser direcionada para a direta melhoria de vida do cidadão brasileiro através de investimentos em infra-estrutura, segurança, saúde e educação?

Será que temos tanta fome assim de esporte? Será que poder ir a um posto de saúde e ser atendido sem esperar horas na fila não é mais importante do que participar de um hola em um estádio de futebol? Não seria um preferível sair de casa com a família sem o receio de sofrer com a violência nas ruas a assistir a um jogo de beisebol, esporte que conhecemos através da “caixinha de pandora”?

O Panis et circens de César fez escola e vai sendo aprimorado. A dormência segue e a vida continua. Alguns preferem o pão, outros o circo. Mas será que não teremos nunca a oportunidade de escolher o espetáculo que assistiremos? Continuaremos sendo os gandulas da sociedade, perto de onde o jogo acontece, mas sem a liberdade para interceder?

Nesse caso, simplesmente continuaremos a ser aqueles que são atirados aos leões.