
Sem saber ler, escrever, dormindo tarde e acordando cedo, para trazer um pouco, do que nada tem em casa. A esperança de uma vida melhor que poderia ser alcançada se aquela placa, fosse apenas uma placa, e não uma parede de proteção, um cenário, que esconde rostos e almas deixando a carne exposta para sofrer o calor incessante do sol e a dura frieza dos corações inertes e pouco palpitantes dos transeuntes.
Uma vida sem perspectiva e de movimentos de mão ascendentes apoiados por um limpador de vidros que quase sempre é respondido com indiferença e uma negação instântanea.
Por que tantos com tão pouco? Por que tão poucos precisam de tanto, a toda hora e a todo tempo? Por que queremos tanto ter, ao invés de ser? Se a maioria está tentando ao menos sobreviver?
São muitas perguntas, para nenhuma resposta. Nenhuma assertiva que possa satisfazer esse questionamento que não deveria ser apenas de uma consciência projetada individualmente, mas de uma consciência coletiva que pode mudar o mundo.
Sonhar? Não custa nada. Mas viver? Custa sim, e caro, muito caro. Principalmente para aquele menino, de calção velho, camisa desbotada, descalço, olhar vazio e triste, mas com a esperança oculta de que um dia, o egocentrismo coletivo vai se transformar num pensamento de justiça e igualdade, onde todos poderão ser cada um e não só adereços de uma placa, em meio a um cruzamento.
Do blog - Escrevi este texto, após observar da janela de um ônibus, um garoto de pouco mais de 10 anos, se esgueirar entre os carros para tentar limpar para-brisas e ganhar trocados, isso, depois das 22h.
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