
O passeio noturno da estranha de vestes rubras havia se tornado freqüente nos últimos dias, o que não passou despercebido aos atentos olhos dele, sim, ele havia detectado a sua presença. Com alma de predador ele a acompanhava todos os dias, sem que ela percebesse que estava sendo observada.
Mas o desejo não deixou que ele permanecesse oculto às sombras. A magia daquela garota havia destruído seu equilíbrio. E naquela tácita e habitual noite, ele acabou por irromper diante daquela criança, daquela filha da noite. Nem uma palavra foi dita, apenas uma troca de olhares profundos e gélidos, mas que carregavam algo mais, algo que se escondia por entre as frestas da tensão momentânea.
O encontro durou pouco mais de alguns segundos, pois aquele ser solitário de garras e olhar agressivo, se entregou à força e a delicadeza dos traços obscurecidos pelo capuz rubro. Ela, não estremeceu, encarou-o por alguns instantes e seguiu seu caminho deixando-o para trás, deixando que sua silhueta se perdesse na inebriante e silenciosa neblina noturna.
O vagar da garota não durou mais que alguns minutos. Ela se deparou com uma casa de madeira, num pequeno pântano, um cenário comum a uma memória não tão distante. Com um movimento rápido de mãos, ela tocou a maçaneta da porta que se abriu acompanhada de um ruído inócuo, porém gélido.
Indiferente, ela entrou e dirigiu seu olhar para o segundo cômodo, dos dois que a casa possuía. E viu aquele corpo, jazer sobre o leito, que tinha ao lado, apenas um abajur antigo, com uma fraca luz que tornava a escuridão do ambiente, ainda mais perversa.
Ela se aproximou, observou com calma aquele personagem que, estendido, a encarava de uma forma que ela já conhecia. Nenhuma pergunta ela fez, apenas deixou que seu capuz caísse para trás. Aquele que há alguns minutos a encarou inebriado, aterrorizou-se com aquela nova visão.
Antes que pudesse esboçar qualquer outra reação, os dentes daquela jovem sedenta de sangue perfuraram sua jugular, ao ponto que seus olhos antes vívidos, perderam a cor e as garras tão poderosas tornaram-se apenas um adereço de um corpo dantes tomado de paixão. Ainda com resquícios de vida, teve seu pescoço entregue ao deleite de uma senhora com prováveis séculos de existência.
Apesar da escuridão noturna apóia-las incondicionalmente, aquela cena dantesca foi acompanhada pelos olhos atentos de um caçador que se esgueirava pela janela frontal da casa e permitiu-se não interromper aquele banquete violento, ciente de que aquela animalidade precisava ser parada, mas não naquela noite, que era delas, só delas...
8 comentários:
cabôsse toda magia, bondade e encantamento da chapuzinho vermelho.
QUE MEDO! ;O
mto bom o texto e a foto tbm!
beijo. =*
Um conto bastante rubro! hehe
Faltou o S aí hein, filho? :)
"os movimentos lépidos de um vulto podiam ser vistoS ziguezagueando por entre as árvores"
Eu sei qual foi à intenção!
Mas cuidado os textos podem ficar deveras repletos de exageros enrrolisticos e embromeisticos. Levando o leitor a uma estafa imensurável nos números humanos.
A tenção do conto está nos elementos da trama, não nas palavras que vc usa!
Não use metáforas ao leu.
nota : 7
vc pode fazer melhor! Eu sei pq já li outras coisas suas!
Por que será que ultimamente todos falam de Chapeuzinho Vermelho como a vilã? :OOO
Muito bom, o texto ^^
:*
Veterano, você escreve muitooo bem!
Adorei o texto e, principalmente, sua ousadia.
Ah! E a foto se encaixa perfeitamente. Muito boa mesmo!
:*
Muito bom! hahahaha chapeuzinha má!!
Parabéns pelo seu texto.
Realmente a descrição ficou ótima, mas muito exagerada!
=D
Eu já havia visto algo semelhante, mas o seu ficou bom.
Só não gostei do fim gótico com sangue.
Abraço!
aiai...
=s
muito bem escrito o texto!
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